O 1º
de Maio - como Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora - “surgiu em
1886, quando trabalhadores americanos da cidade de Chicago, no dia 1º de Maio,
saíram às ruas para lutar por melhores salários, redução da jornada de
trabalho (de 13 para 8h diárias) e melhores condições de trabalho. Os patrões,
a elite política e a polícia reprimiram o movimento prendendo, ferindo e
assassinando alguns trabalhadores”.
O
movimento espalhou-se rapidamente. No ano seguinte, em 1887, “esse dia foi marcado
por protestos e lutas em muitos países; em 1889, entidades de trabalhadores de
diversas partes do mundo, reunidos em Paris (França), decidiram transformar o
1º de Maio no dia de homenagem aos trabalhadores de Chicago e de protesto e
conscientização da luta dos trabalhadores por direitos sociais e trabalhistas,
pelo direito à sua livre organização e por liberdades democráticas”.
No
Brasil, “o 1º de Maio passou a ser comemorado a partir de 1917 quando trabalhadores
resolveram parar o trabalho para reivindicar direitos. Em 1924, por meio da
pressão dos trabalhadores, o presidente Artur Bernardes decretou feriado
oficial”.
O que
significa comemorar o 1º de Maio hoje? “Em todo o mundo, as contas da crise do
capitalismo estão sendo jogadas nas costas dos trabalhadores: menos direitos
trabalhistas, salários e serviços públicos; e mais jornada de trabalho,
subemprego e desemprego”.
No
Brasil, “desde o Golpe de Estado e a posse de Temer, realizados pelos patrões,
políticos conservadores e imprensa, aumentaram os ataques aos direitos dos
trabalhadores. Mais do que nunca é preciso que o 1º de Maio venha a ser um
momento de resistência: fortalecer os movimentos e lutas dos trabalhadores;
construir a unidade dos trabalhadores do campo e da cidade; revogar a Reforma
Trabalhista e a Lei de Terceirização; exigir saúde, educação e transporte
público de qualidade; e defender as liberdades democráticas!” (Fórum Goiano
Contra as Reformas da Previdência e Trabalhista. Jornal da Classe Trabalhadora -
Ano 2 - Número 4 - Abril de 2018)
Temos
hoje no Brasil dois Projetos Sociais (sócio-econômico-político-ecológico-culturais).
De um lado, o Projeto Capitalista Neoliberal: o projeto dominante, que - por
ser um projeto estruturalmente iníquo e perverso - exclui, descarta e mata. De
outro lado, o Projeto Popular: o projeto alternativo, que é necessariamente inclusivo,
faz acontecer a sociedade do bem viver e é um projeto em construção.
O 1º
de Maio - dia de resistência e luta - deve ser uma manifestação pública, que
mostra a unidade dos trabalhadores e trabalhadoras na construção do Projeto
Popular. Para fortalecer essa unidade, precisamos criar uma Frente Ampla
Nacional Popular (uma Frente de Frentes), que saiba valorizar as diferenças, que
seja capaz de incorporar (fazer suas) propostas vindas das diversas Frentes
(Frente Brasil Popular, Frente Povo sem Medo, Frente de Esquerda e outras) e que
consiga - através do diálogo - definir objetivos comuns.
Hoje,
as propostas, que surgiram - e continuam surgindo - nos encontros das diversas
Frentes Populares e que contribuíram - e continuam contribuindo - para dar
passos concretos na construção do Projeto Popular, deveriam ser assumidas pela
Frente Ampla Nacional Popular como suas bandeiras de luta. Entre elas, destaco
duas.
Primeira:
a necessidade de retomar, no Brasil inteiro, o Trabalho de Base nas Comunidades
(sobretudo das periferias das grandes cidades e do meio rural), nos Sindicatos
de Trabalhadores e Trabalhadoras, nos Partidos Políticos Populares e nos
Movimentos Sociais Populares, utilizando a metodologia da Educação Popular
Libertadora (Paulo Freire). O Trabalho de Base - mesmo que em determinadas
situações conjunturais possa ser intensificado em forma de mutirões - deve ser
continuo e permanente para que os/as militantes façam a experiência da troca de
saberes e da vida compartilhada. Os militantes se formam na práxis: prática e
teoria.
Segunda:
a realização - em etapas locais, municipais, estaduais e nacional – do Congresso
do Povo (proposta que surgiu na 2ª Conferência Nacional da Frente Brasil
Popular - 9 e 10 de dezembro/17).
O
Congresso do Povo - como processo - é um espaço para que o povo, livre e
publicamente, possa se manifestar e dizer, alto e bom som, o que pensa e o que
quer, em todas as situações sociais (sócio-econômico-político-ecológico-culturais),
como - por exemplo - em tempo de eleições. O Congresso do Povo surge como uma
necessidade do Trabalho de Base e, ao mesmo tempo, o fortalece.
O Trabalho de Base e o Congresso do Povo completam-se
mutuamente e são - sobretudo hoje - o caminho para fazer a experiência que outro
mundo é possível, para lutar contra toda injustiça e violação dos Direitos
Humanos do sistema vigente e para construir, com o povo e para o povo, o Projeto
Popular.
Os cristãos e cristãs, que acreditamos no Projeto de
Jesus - o Reino de Deus na história - em nome de nossa cidadania e de nossa Fé,
deveríamos estar sempre na linha de frente de todas as lutas por um mundo novo.
Para aqueles e aquelas que acham que participar dos
Movimentos Populares não tem nada a ver com a Fé cristã, lembro o convite do
Papa Francisco.
“Soube
que são muitos na Igreja aqueles que se sentem mais próximos dos
Movimentos Populares. Muito me alegro por isso! Ver a Igreja com as portas
abertas a todos vocês, que se envolve, acompanha e consegue sistematizar em
cada Diocese, em cada Comissão ‘Justiça e Paz’, uma colaboração real,
permanente e comprometida com os Movimentos Populares. Convido-vos a
todos, bispos, sacerdotes e leigos, juntamente com as organizações sociais
das periferias urbanas e rurais, a aprofundar este encontro” (Discurso do Papa
Francisco aos participantes do 2º Encontro Mundial dos Movimentos Populares.
Santa Cruz de la Sierra - Bolívia, 09/07/15).
Venham
todos e todas participar do 1º de Maio unificado, da resistência e da luta!
Praça Universitária (Goiânia - GO), a partir das 14 horas! Conheça a programação
do 1º de Maio em sua cidade!
Fr. Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP)
Professor aposentado de Filosofia da UFG
Goiânia, 25 de abril de 2018
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