O Trabalhadores da Educação (servidores
administrativos, auxiliares de atividades educativas e professores) do
Município de Goiânia estão, ao mesmo tempo, indignados, fortalecidos e
esperançosos. São esses os sentimentos que definem o estado de ânimo dos Trabalhadores
da Educação.
Em primeiro lugar, eles e elas estão
indignados pelo caos em que se encontra a Educação Pública; pela traição do governo
do PT, partido que sempre defendeu os direitos dos trabalhadores e que agora,
no poder, tem a mesma prática política de outros governos, ou pior, usando até
a mesma linguagem (parece gravação); pelo comportamento autoritário, ditatorial
e arrogante do prefeito Paulo Garcia e da secretária da Educação Neide
Aparecida (quem lembra da luta aguerrida e firme da secretária - quando
sindicalista - na defesa dos direitos dos Trabalhadores da Educação, está
abismado com a metamorfose, que foi total; quem te viu e quem te vê!); pela má
vontade e pela falta de capacidade que o prefeito e a secretária têm de
dialogar e negociar de iguais para com iguais, de trabalhadores para com
trabalhadores; e pelo desrespeito e desdém para com a categoria dos
Trabalhadores da Educação.
Cadê
o chamado “jeito petista de governar”? Não deveria ser um “jeito popular” de
governar? É preferível quem sempre esteve ao lado dos poderosos e contra os
trabalhadores do que quem mudou de lado, traindo os seus companheiros
trabalhadores. Os traidores são seres humanos mesquinhos, oportunistas, que se
vendem a qualquer preço e que suscitam sentimentos de repugnância e nojo em
toda pessoa que tem um mínimo de coerência.
Os
Trabalhadores da Educação estão indignados também pela atitude ditatorial e
fascista do presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Clécio Alves, que -
diante da ocupação da Casa, que é do Povo - mandou cortar a energia elétrica e
a água (até dos banheiros), mandou ligar o som da Câmara em volume alto durante
a madrugada, propagando a desinformação e mandou ligar o ar condicionado para
gelar os educadores: uma verdadeira tortura física e psicológica (como no tempo
da ditadura civil e militar, que - parece - ainda não acabou também em
Goiânia); pela covardia da maioria dos Vereadores; pela atitude ambígua e “em
cima do muro” das Comissões de Direitos Humanos da Câmara Municipal e da Assembléia
Legislativa (a coerência exige que os Direitos Humanos sejam defendidos sempre,
mesmo quando o violador é o “meu” partido ou o “meu” governo); e pela omissão
ou demora do Ministério Público do Estado de Goiás em tomar providências diante
da gravidade da situação.
Em
segundo lugar, os Trabalhadores da Educação estão fortalecidos pela união -
cada vez maior - do Movimento de greve (a greve é um direito dos
trabalhadores); pela aprendizagem na oganização e condução do Movimento; pela
consciência que as reivindicações são justas; pelo idealismo de quem acredita
que uma educação pública de qualidade é possível; pela resistência e
perseverança na luta política; e pela solidariedade e apoio de muitos
Movimentos Sociais Populares e setores organizados da sociedade civil.
Em
terceiro lugar, os Trabalhadores da Educação estão esperançosos por estar
convencidos que - mesmo na situação difícil em que a Educação Pública se
encontra - ainda é possível abrir caminhos novos de diálogo e negociação entre
o Poder Público Municipal e Trabalhadores da Educação (já existem pequenos
sinais positivos, mostrando que - ao final - o bom senso irá prevalecer); por
desejar - logo que a greve termine - voltar ao trabalho e cumprir sua missão de
educadores e educadoras com dedicação e, sobretudo, amor.
É
realmente motivo de muita alegria e de muita esperança ver tantos Trabalhadores
e Trabalhadoras da Educação (mães e pais de família, moças e rapazes) que
querem colaborar e contribuir com a construção de uma Educação Pública de
qualidade e de um mundo mais justo, mais igualitário e mais fraterno.
Dou
este testemunho de coração aberto, por amor à verdade e por estar acompanhando
de perto - como irmão e companheiro de caminhada - o Movimento de greve dos
Trabalhadores da Educação, manifestando plena solidariedade e total apoio.
Termino
com algumas mensagens de Paulo Freire sobre a Educação, que nos ajudam a
refletir.
“Ensinar
não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria
produção ou a sua construção”.
“Se
a educação sozinha não pode tranformar a sociedade, tampouco sem ela a
sociedade muda”.
“A
alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da
busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e
da alegria”.
“Ninguém
educa ninguém, ninguém se educa sozinho, os homens se educam entre si,
mediatizados pelo mundo”.
. Marcos Sassatelli, Frade dominicano
Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP),
Professor aposentado de Filosofia da UFG
E-mail: mpsassatelli@uol.com.br
Goiânia, 18 de junho de 2014
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